Portabilidade de crédito imobiliário cresce 200% em 2019
Trocar de banco pode gerar economia de mais de R$40 mil. Número representa 6,4% dos contratos que poderiam ser alterados
Publicado em 02/06/2020 – 14:43 Por Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil – Brasília
As taxas de juros mais baixas estimularam os clientes bancários a trocar o financiamento imobiliário de banco. Em 2019, foram efetivados 4.610 pedidos de portabilidade de contratos de crédito imobiliário, informou hoje (2) o Banco Central (BC).
Segundo o BC, embora ainda representem uma pequena fração do número total de créditos portados, as efetivações nessa modalidade cresceram mais de 200% em 2019, na comparação com o ano anterior. No final de 2019, a média da taxa de juros do crédito imobiliário era de 7,99% ao ano.
Considerando além da portabilidade as renegociações, chega-se a um total de 6 mil operações (R$ 2,15 bilhões) em 2019. “Na portabilidade, o tomador migra o contrato de crédito imobiliário para outra instituição financeira que tenha oferecido condições mais vantajosas ou, alternativamente, consegue condições mais vantajosas renegociando o contrato original com a instituição com a qual tem o crédito imobiliário”, explica o BC.
O BC cita também os casos em que a renegociação não está relacionada à portabilidade. “Além das renegociações dentro do processo de portabilidade, existem renegociações de mercado, ou seja, o tomador e o banco acordam uma redução de taxas, sem o envolvimento de outro banco no processo”, diz o BC. Nessa modalidade, no mesmo período, ocorreram renegociações em aproximadamente 30 mil contratos (R$ 9,94 bilhões).
A mediana das novas taxas das operações portadas foi de 7,71% ao ano, o que significa uma redução de 2,99 pontos percentuais em relação à mediana das taxas originais dos contratos .
A maior parte dos contratos portados (79,1%) foi de créditos originados entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro de 2017, período que apresenta as maiores taxas de mercado.
Simulação
Segundo o BC, as reduções nas taxas com a portabilidade são significativas. Por exemplo, se um contrato de R$ 300 mil de crédito imobiliário com uma taxa de juros de 10% ao ano e duração de 30 anos fosse portado ou renegociado, alterando a taxa de juros para 9% ao ano (diminuição de 1 ponto percentual), teria um desconto superior a R$ 40 mil no total a ser desembolsado (desconto aproximado de R$ 200,00, ou 7,9%, na prestação mensal).
“Não obstante a queda significativa das taxas, resultante do processo de redução da Selic, e do grande crescimento nas operações de portabilidade em 2019, uma estimativa simples sugere que os benefícios da portabilidade ainda atingem uma pequena fração do seu potencial”, diz o BC.
Considerando apenas as operações contratadas antes de 2019, adimplentes e com taxas de juros acima de 10% ao ano, existem no sistema financeiro 570 mil operações (R$ 102,8 bilhões) que poderiam se favorecer direta ou indiretamente da portabilidade. Os 36 mil contratos que se beneficiaram com redução de taxa de juros em 2019 representam apenas 6,4% desse potencial, destaca o BC. “Se as taxas de mercado se mantiverem em patamares historicamente baixos, há ainda elevado potencial para ganhos com a portabilidade do crédito imobiliário”, conclui.